“Shiroma, Matadora Ciborgue” surgiu dentro do “Projeto Portal”, uma série de seis revistas semestrais de contos de ficção científica editada por Nelson de Oliveira entre 2008 e 2010. A trans-humana Shiroma é uma assassina hesitante, raptada da Terra ainda criança e levada por um casal de mercenários, Tera e Tiago, para ser treinada como matadora de aluguel.
Revisão: Mirtes Leal e Ivan Hegenberg | Impressão: LGE Editora
sábado, 3 de novembro de 2012
Shiroma Matadora Ciborgue
“Shiroma, Matadora Ciborgue” surgiu dentro do “Projeto Portal”, uma série de seis revistas semestrais de contos de ficção científica editada por Nelson de Oliveira entre 2008 e 2010. A trans-humana Shiroma é uma assassina hesitante, raptada da Terra ainda criança e levada por um casal de mercenários, Tera e Tiago, para ser treinada como matadora de aluguel.
domingo, 28 de outubro de 2012
Colecção Argonauta
(Capa de "O Mundo dos Draags" de Stefan Wul, que originou "O Planeta Selvagem" ou "O Planeta Fantástico" de René Laloux)
O blog da "Colecção Argonauta" pretende ser "... uma homenagem (...), um memorial que esperamos possa contribuir para esclarecer possíveis dúvidas relativas aos números publicados, bem como constituir um espaço de partilha, onde comentários relativos às obras possam ajudar a enriquecer o vasto universo de memórias aqui reunido."
Segundo o Wikipedia, a Colecção Argonauta foi publicada de 1954 até 2006 com 563 edições de bolso, repleta de figurinhas e figurões (Aldiss, Heinlein, Bradbury, Asimov, Farmer, Clarke, Herbert, Dick, Le Guin, Ballard, Capek). Parece piada, mas apesar de ser publicada por uma editora chamada "Livros do Brasil", a venda dos livros era "interdita na República Federativa do Brasil". Proibida ou não, parte da coleção chegou ao país, conforme vemos neste artigo - já um tanto antigo (2006) - de Roberto de Sousa Causo para a Terra Magazine, "A Leitura faz o Leitor" que reproduzo (copio/colo) aqui embaixo.
"
Quando comecei a participar da comunidade brasileira de ficção científica, lá por 1983, foi difícil para mim entender o fascínio que a Coleção Argonauta exercia sobre os outros fãs - especialmente os mais velhos, reunidos em torno do Clube de Leitores de Ficção Científica.
Eu pouco ouvira falar da coleção - afinal, cresci lendo a FC encontrada na série alemã Perry Rhodan, nos livros de FC da Hemus, na coleção Mundos da Ficção Científica, e nos livros de FC publicados pela Bolsilivros que eu podia encontrar em bancas de revista na cidade interiorana em que vivia.
De fato, só passei a compreender o encanto que a Argonauta exercia sobre os fãs mais velhos a partir do instante em que me voltei para o meu próprio fascínio por Perry Rhodan e pela Mundos da Ficção Científica, e percebi que cada geração tem a sua coleção ou as suas coleções formadoras.
Isso acontece porque, em geral, o fã de FC é alguém que retorna seguidamente ao seu interesse pelo gênero e nisso, ele precisa ser alimentado de alguma maneira. Nos Estados Unidos, tal papel por muito tempo coube às revistas especializadas. Ainda hoje elas são o celeiro dos melhores autores e dos fãs mais fiéis. Já em outras partes do mundo - especialmente no mundo de fala portuguesa ¿ o papel muitas vezes cabe às coleções.
A Argonauta, da Livros do Brasil (Portugal), certamente se salienta nessa tarefa de gerar e manter os fãs do gênero por sua antigüidade, periodicidade e pelo preço em geral acessível. Houve um tempo em que seus livros chegavam a uma boa parcela das livrarias brasileiras, e até mesmo a algumas bancas de revista, se não estou enganado.
No final da década de 1980, eles começaram a escassear e, durante os anos noventa se concentraram em umas poucas livrarias que ainda buscam permitir que os leitores brasileiros mantenham contato com o mundo editorial português. Em uma delas, a saudosa Livraria Paisagem, o Clube de Leitores de Ficção Científica realizou suas reuniões mensais por muitos anos. Outra é a Themus Livros, também de São Paulo.
O CLFC, aliás, também nasceu associado ao fenômeno dessa coleção ¿ em 1985 o fã R. C. Nascimento publicou em edição do autor o livro Quem É Quem na Ficção Científica Volume I: A Coleção Argonauta, com a famosa ficha de inscrição na última página, pedindo que outros fãs lhe escrevessem para montar o que ele chamou de "Clube de Leitores de Ficção Científica".
Nascimento escolheu bem a plataforma para o seu gesto de comunicação com outros fãs - aparentemente a Argonauta já despertava paixões entre pessoas que não se conheciam, e que se sentiram entusiasmadas com a descoberta de outros "semelhantes".
E assim foi que a Coleção Argonauta se tornou o componente de uma subcultura nacional que, por suas origens, comunica-se com uma vasta subcultura global formada por fãs de FC e fantasia em todas as partes do mundo.
Não sei se o apelo da coleção é tão forte em seu país de origem quanto o é entre nós, pois Portugal teve e tem várias coleções de importância e prestígio, algumas mais conhecidas dos fãs mais jovens, como a Ficção Científica Europa-América, e a Caminho Ficção Científica; esta última, agora cancelada, foi por um bom tempo o refúgio derradeiro do autor de FC em língua portuguesa, em ambos os lados do Atlântico, pela atuação do editor António Belmiro Guimarães.
Voltando à tese destas linhas, cada geração de fãs possui em coleções distintas os seus formadores, os motivadores daquela chama insubstancial e de difícil definição, que faz o fã de FC.
A Argonauta certamente formou a geração mais nobre do fandom brasileiro - fãs empreendedores como o próprio Nascimento, que, ao fundar o CLFC, criou uma pequena revolução; seu parceiro nos anos iniciais, Ivan Carlos Regina; e outros que se alternaram na direção do clube, incluindo Luiz Marcos da Fonseca e Humberto Fimiani.
Mas o que isso significa?
Em parte, a certeza de que os escritores publicados na Argonauta detém um lugar especial no coração desses fãs. Autores como Clifford D. Simak, Robert A. Heinlein, A. E. van Vogt, Isaac Asimov, Ray Bradbury, Philip José Farmer, Ursula K. Le Guin, Robert Silverberg, Frederik Pohl, Philip K. Dick e mais um monte de autores franceses, provavelmente conhecidos apenas dos leitores da Argonauta. Nesse mesmo sentido, significa que o tipo de FC encontrada na coleção tem igualmente um lugar especial no coração desses fãs. A coleção se tornou um lar para todos eles.
Talvez aqueles que, como eu, devem algo a Perry Rhodan, FC Hemus, e à Mundos da Ficção Científica, tenham outros autores e uma outra ficção científica em mente - embora muitos deles tenham aparecido também na Argonauta.
Mas não acho que isso cause um, digamos, "abismo" entre gerações de fãs brasileiros. O que parece ser o problema maior passa longe dessa consideração. Ao contrário, ele se refere justamente ao fim das coleções no Brasil, e a dificuldade das coleções portuguesas em serem distribuídas e lidas aqui. Sem um lar, sem um abrigo, como podem os novos leitores, os novos fãs, surgirem?
Minha suspeita é de que não podem. A ponte fica incompleta, então. Aqueles fãs que já estão por aí há algum tempo cada vez mais recorrem aos livros em inglês, mas eles já passaram pelo seu período formador lendo alguma coisa em português, a Argonauta provavelmente.
O futuro da comunidade brasileira de FC se torna uma incógnita. Haverá uma nova geração, e formada através do quê? Do cinema, que parece ter destruído a FC nesse meio, justo agora que as imagens geradas por computador prometem um realismo nunca antes alcançado pelo gênero - e níveis de imbecilidade também nunca alcançados, nem mesmo na infantil FC da década de 1950? Serão os novos fãs garimpeiros de sebo, revirando o passado editorial brasileiro e português, em busca do que os inspire?
Resta torcer para que surja uma outra coleção, como aquela prometida este ano pela Devir, de São Paulo."
domingo, 12 de junho de 2011
Uma virada internacional?

a)Trecho da coluna de Roberto de Souza Causo no Terra Magazine de 21 de maio:
"Na coluna de 26 de fevereiro deste ano - a respeito da noveleta de Christopher Kastensmidt, "O Encontro Fortuito de van Oost e Oludara", texto finalista do Prêmio Nebula 2010 -, eu já alertava para o fato de que as "indicações deste ano são bastante internacionais, expressando o atual interesse da literatura especulativa por outras culturas e pela sua dimensão global."
Indicações para outros prêmios, e outras discussões dentro da comunidade anglo-americana, sugerem que esse interesse pela dimensão global da ficção científica e da fantasia podem estar configurando uma verdadeira "virada internacional".
É bom observar, antes de mais nada, que já há uns quinze anos que o centro de interesse na ficção científica em inglês parece ser dominada por autores um pouco fora do antigo centro, que era composto de escritores norte-americanos, seja da Golden Age (Asimov, Bradbury, Heinlein, de Camp, Farmer, Pohl, Williamson, Vance, Clement), da New Wave (Ellison, Zelazny, Disch, Wolfe), do feminismo (Le Guin, Rusch), ou do Movimento Cyberpunk (Gibson, Sterling, Rucker, Cadigan).
Esses autores dominantes nos últimos quinze anos seriam britânicos como Neil Gaiman, Stephen Baxter, Paul J. McCauley, Charles Stross, China Miéville, Alastair Reynolds, Ken McLeod, Ian McDonald, Iain Banks, Gwyneth Jones e tantos mais, além de um ou outro australiano como Greg Egan.
Isso não significa, é claro, que os escritores americanos tenham parado de escrever obras significativas, ou que tenham entrado em decadência - nem que esses autores ingleses e australianos sejam inerentemente superiores, mas apenas que o núcleo que eles formam vem rivalizando fortemente com outros centros, demonstrando já um índice de uma maior internacionalização do gênero. "
Para ler tudo clique AQUI.
b)De certa forma, pode-se ler ESTE artigo do Bráulio Tavares como uma confirmação da teoria de Causo
c)Veja também como foi o movimentado (para a Ficção Científica. Aqui no blog, entretanto, dei uma bobeada feia) final de maio em São Paulo, clicando nesta outra coluna de Causo AQUI.
d)Esta imagem não tem muito a ver com o assunto, mas só coloquei porque hoje é Dia dos Namorados... hm... Esqueci que Musky é hermafrodita. Trata-se de Axle Munshine e Musky, personagens do quadrinho/banda desenhada de Ficção Científica Vagabundo dos Limbos, escrita por Christian Godard e ilustrada por Julio Ribera... É publicada desde 1975, mas aqui no Brasil só chegaram algumas edições da Meribérica.
segunda-feira, 4 de abril de 2011
Questões Literárias

Trecho inicial da coluna de Roberto de Sousa Causo em 20 de março de 2011 no Terra Magazine (Versão integral AQUI):
"
O mundo da literatura é composto de vários aspectos: hábitos de leitura (a esfera individual), mercado literário (a esfera profissional), crítica e teoria (parcialmente, a esfera acadêmica), e as Questões Literárias.
As Questões Literárias compreendem as esferas do escritor e também do crítico, mas costumam se envolver com todos os outros aspectos. Questões Literárias impulsionam movimentos e escolas literárias, e se manifestam das disputas de um grupo em relação a outros, nas discussões sobre os caminhos da literatura e nas tentativas de questioná-la ou renová-la.
De vez em quando surge uma Grande Questão Literária que tem o potencial de mudar as coisas, arrastando todas as esferas com ela - obrigando a crítica e a teoria a se posicionarem, balançando o mercado literário e mudando os hábitos de leitura. Aquelas questões que vieram no bojo do movimento modernista brasileiro, por exemplo, foram um desses maremotos literários que mudam tudo, no seu rastro.
A história da ficção científica no Brasil também registra as suas Questões Literárias. A primeira provavelmente foi o debate sobre a legitimidade do gênero, entre 1957 até meados da década de 1970, um debate conduzido nas páginas dos prestigiosos cadernos de cultura da época, especialmente o "Suplemento Literário" do O Estado de S. Paulo. Envolveu figuras de importância na cena literária da época, como Mário da Silva Brito, Antonio Olinto, João Camilo de Oliveira Torres, Laís Corrêa de Araújo e André Carneiro a favor dessa legitimidade, e Otto Maria Carpeaux, Wilson Martins, Alcântara Silveira e Muniz Sodré, contra. Essa foi, pode-se dizer, a principal Questão Literária característica da Primeira Onda da Ficção Científica Brasileira (1958-1972).
A principal Questão Literária da Segunda Onda da Ficção Científica Brasileira (iniciada em 1982) foi a necessidade (ou não) de se renovar a FC nacional pela promoção da sua brasilidade, tanto temática, quanto no seu diálogo com a tradição literária modernista, e na rejeição dos clichês e fórmulas da FC anglo-americana. O escritor paulista Ivan Carlos Regina, e o seu "Manifesto Antropofágico da Ficção Científica Brasileira", esteve no centro dessa questão, que gerou um pequeno debate no seio do fandom, em reuniões de fãs e nas páginas de fanzines como Somnium, Megalon e Papêra Uirandê. (O manifesto foi recentemente disponibilizado no É só Outro Blogue, de Tibor Moricz). Veja também, no mesmo blog, uma entrevista com Regina.
Finalmente, em abril de 2009, o escritor Luiz Bras lançou - com o ensaio "Convite ao Mainstream", na coluna "Ruído Branco", mantida por ele no Rascunho: O Jornal Literário do Brasil - uma Questão Literária das mais relevantes para a história do gênero em nosso país. Talvez até mesmo para a literatura braseira como um todo. "
Para ler "Convite ao Mainstream", de Luiz Bras clique AQUI. Para ler as repercussões e comentários de outros autores relacionados à ficção científica, leia AQUI e depois AQUI.
O artigo "Convite ao Mainstream" - dentre outros - foi publicado em papel pela Editora Terracota no livro "Muitas Peles".
(imagem via Popolic)
quarta-feira, 23 de março de 2011
Lançamento Assembleia Estelar

"Se é verdade que a ficção científica está mais associada aos temas da exploração do espaço, seres extraterrestres, viagens no tempo ou realidade virtual, ela também possui uma ampla relação com a política. A começar pela presença em narrativas utópicas que idealizaram civilizações mais virtuosas, posteriormente na presença de assuntos políticos nos enredos das histórias contemporâneas de FC, especialmente aquelas que exploram novas utopias, distopias ou sociedades alternativas, mas também especulações sobre a realidade social e política, tratando das instituições da democracia, da globalização e dos conflitos internacionais.

Assembleia Estelar é uma antologia inédita neste tema no Brasil, e desenvolve essa relação de afinidade sublinhando que a extrapolação sobre as formas de organização política, além de estar na gênese do gênero, tem muito a ser explorada. Esta é a principal intenção através de quatorze contos, com a presença de autores como os norte-americanos Bruce Sterling, Orson Scott Card e Ursula K. Le Guin, esta com seu conto “O Dia Antes da Revolução”, vencedor do Prêmio Nebula 1974. Além deles, Luís Filipe Silva, Daniel Fresnot, André Carneiro, Fernando Bonassi, Carlos Orsi, Ataíde Tartari, Miguel Carqueija, Henrique Flory, Flávio Medeiros Jr., Roberto de Sousa Causo e Roberval Barcellos contribuem com interpretações ficcionais de cenários históricos, sociedades ideais ou de pesadelo, investigações sobre configurações e efeitos das instituições políticas, além de possíveis guerras no futuro.
"
Entrevista com Marcello Simão Branco por Roberto de Sousa Causo AQUI.
O lançamento oficial da Assembleia Estelar será em em 31 de março de 2011, uma quinta-feira, na FNAC Paulista (Av. Paulista 901, perto do Metrô Brigadeiro, São Paulo, SP), a partir das 19h00. Apareça!
sábado, 22 de janeiro de 2011
O Futuro também é nosso, por Antonio M. C. Costa

Texto do crítico, escritor e colunista da Carta Capital, Antonio Luiz M.C.Costa sobre a obra de Roberto de Sousa Causo, Ficção Científica, Fantasia e Horror no Brasil, 1875 a 1950 (UFMG, 2003):
"Vários autores brasileiros já pensaram sobre a ficção científica (FC) e sua história, como Raul Fiker (Ficção Científica - Ficção, Ciência ou uma Épica de Época?, L&PM, 1985), Gilberto Schoereder (Ficção Científica, Francisco Alves, 1986), Léo Godoy Otero (Introdução a uma História da Ficção Científica, Lua Nova, 1987) e Braulio Tavares (O que É Ficção Científica, Brasiliense, 1992). Essas obras, porém, foram breves introduções ou guias de leitura para fãs do gênero, presas demais a seus critérios e convenções.
A obra de Roberto de Sousa Causo, Ficção Científica, Fantasia e Horror no Brasil, 1875 a 1950 (UFMG, 2003), projeto orientado por professores da Faculdade de Letras da USP, é a primeira a abordar especificamente a FC no Brasil e a considerar a teoria literária e a história social para colocá-la em um contexto mais amplo. Sem nada da estrutura rígida e indigesta de uma típica tese acadêmica, é uma leitura agradável e reveladora para aficionados da FC e da cultura brasileira e uma nova referência para historiadores da cultura e críticos literários.
Causo delimitou seu objeto de estudo – a ficção especulativa – de uma forma não usual para a crítica literária tradicional, nem para a maioria dos autores e fãs do gênero. Não se trata de uma subliteratura menor e ou de fuga kitsch da realidade. Também não é necessariamente marcada pela antecipação do futuro, pela promoção de utopias ou pelo uso e valorização da ciência. Não é um gênero encerrado em convenções tradicionais, como o das histórias de detetive.
A característica que define a ficção especulativa é a figuração de mundos além dos cânones da experiência comum e da noção costumeira de “real”, mas que têm, cada um deles, uma lógica com a qual o leitor precisa se familiarizar e que o autor se obriga a manter – dentro de determinado texto, bem entendido (é comum que obras do mesmo autor proponham realidades contraditórias). Certamente não são ficções arbitrárias nas quais “tudo pode acontecer”.
Um exemplo é o subgênero da FC recentemente fundado pelo romance The Difference Engine (1991) de William Gibson e Bruce Sterling, geralmente chamado de steampunk, do qual os filmes As Loucas Aventuras de James West e A Liga Extraordinária são subprodutos paródicos. Desenvolve um século XIX alternativo, no qual a tecnologia do vapor teria ido muito além do que historicamente foi.
Existiriam computadores como os projetados por Charles Babbage em 1832 e as máquinas maravilhosas sonhadas por Jules Verne e H. G. Wells, junto com os preconceitos e os problemas políticos e sociais da era vitoriana. Esse mundo não pertence ao passado, ao futuro, nem ao espaço interestelar. Não é uma utopia nem uma sátira no sentido convencional. É uma ficção que, entre outras coisas, relativiza o nosso “cronocentrismo” e faz ver nossa própria realidade sob outra luz.
Além da ficção científica propriamente dita, que especula sobre desenvolvimentos das ciências naturais e da tecnologia (em sua vertente hard), ou da cultura e da sociedade (na versão soft), cabem nessa definição seus gêneros irmãos, a fantasia e o horror.
Nessa perspectiva, obras como a Odisséia de Homero, a História Verdadeira de Luciano de Samósata e as Viagens de Gulliver de Jonathan Swift, bem como as incursões no fantástico de escritores canônicos, como Machado de Assis (O Imortal), são precursores e modelos legítimos para a ficção especulativa moderna que, mais que a manifestação específica de uma época, é a continuação de uma tradição paralela à da corrente principal da literatura.
Como marco inaugural do romance científico no Brasil, Causo indica O Doutor Benignus (1875), de Augusto Emílio Zaluar, escrito para jornais do Rio de Janeiro. Foi confessadamente influenciado por Verne e pelo astrônomo Camille Flammarion, mas já mostrava características típicas das primeiras gerações de assimilação brasileira do gênero."
Descobri o texto através do blog do Capacitor Fantástico... Mas a melhor reprodução está neste LINK aqui, que contém links para trechos de algumas das obras citadas.
quinta-feira, 6 de janeiro de 2011
Tempestade Solar

Retirou de sua bagagem uma concha do mar, recolhida havia Terraanos de um planeta cujo nome ela nunca conhecera. Nessa ilha ela havia enfrentado o seu primeiro teste mortal: a concha simbolizava seu desejo de viver e de resistir. Dentro dela, Shiroma ainda era Bella Nunes. Mas, depois de deixar-se em uma das macas da enfermaria da nave, não levou a concha ao ouvido. Queria o silêncio.
Tempestade Solar, de Roberto de Sousa Causo. Portal Fahrenheit
(imagem da série em quadrinhos Yiu, desenhada por Jérôme Renéaume)
sábado, 18 de dezembro de 2010
Bruce Sterling no Brasil

Bruce Sterling esteve recentemente no Brasil (agorinha, no começo de dezembro). Aqui e ali, já encontramos alguns relatos de como foi este encontro.
O mais completo é o de Causo, em sua coluna no Terra Magazine.
Em inglês, temos postagens da viagem no blog da esposa de Sterling, a escritora sérvia Jasmina Tesanovic.
No blog da editora Aleph, temos um breve relato de algo comentado por Sterling durante o I Encontro Extensão para o Futuro, na Unicsul: a participação de Willian Gibson no mercado de... moda (?).
Sterling deu uma entrevista ("O PC morreu e ninguém percebeu") que saiu no caderno Link do Estadão, de onde extraí este trecho:
"Você esteve no Brasil há dez anos e agora está de volta. O que mudou?
O país tem crescido muito e ganhou importância. Mas, principalmente, a população é muito jovem. Estamos vendo, especialmente na Europa, o lado sinistro de ter uma população velha. Ninguém faz nada novo. A Europa perdeu a capacidade de esquecer. O Brasil é o oposto. Ninguém olha para trás, o que é saudável. Claro que é bom conhecer sua história, mas é muito ruim ficar preso apenas a ela. Fora que esta é a geração mais conectada e mais culta do país, não no sentido da educação formal, mas de saber o que está acontecendo. E parece ter medo de arriscar."
Bruce Sterling e Causo acabaram de lançar um livro juntos pela Devir, pelo selo de livros de bolso Asas do Vento: "Duplo Cyberpunk: O Consertador de Bicicletas/Vale-Tudo". Maiores informações nesta postagem do "É só outro blogue", do Tibor Moricz.
(foto tirada no Brasil, extraída do flickr do Sterling)
sexta-feira, 10 de dezembro de 2010
Perry Rhodan

"Responda rápido: Qual é a maior saga de ficção-científica de todos os tempos? Jornadas nas Estrelas? Guerra nas Estrelas? Flash Gordon? Se você respondeu qualquer um dos itens anteriores, errou. A resposta correta é Perry Rhodan, um personagem de livros alemães publicados ininterruptamente desde 1961."
b)Perry Rhodan no Brasil (por Roberto de Sousa Causo)
"Perry Rhodan é a série de ficção científica mais vendida e mais numerosa do mundo.
Criada em 1961 pelos alemães K. H. Scheer e Clarke Darlton (Walter Earnstin), já ultrapassou os dois mil episódios em seu país de origem.
Chegou ao Brasil em 1966, como Operação Astral, o volume 14 da coleção Galáxia 2000, traduzido de uma edição francesa que agrupava sob um único título os dois primeiros episódios: Missão Stardust e A terceira potência. O livro foi creditado apenas a Scheer. No entanto, Darlton havia escrito o segundo volume.
A série propriamente dita só seria lançada em 1975, aqui, pela Ediouro, uma marca da Tecnoprint, do Rio de Janeiro. Deu as caras como uma espécie de teste de mercado. O logotipo era semelhante ao da edição alemã - Perry Rhodan nas letras desalinhadas, sobre um fundo branco. Em seguida, os livros assumiram um formato que lembrava a publicação norte-americana da Ace, editada a partir de 1968 pelo Mr. Science Fiction, Forrest J. Ackerman, uma das mais importantes personalidades do mundo da ficção científica. Tinha um logo característico, com Perry Rhodan escrito num formato semicircular, debruçado sobre as ilustrações em geral assinadas por Grey Morrow (falecido em 2001, aos 68 anos). Muitas capas desse desenhista apareceram na versão da Ediouro. É curioso que Ackerman fosse um grande fã do título, enquanto Morrow não a apreciava."
Continue lendo AQUI, no Omelete. Leia também "Nos arquivos da Ediouro".
c)Perry Rhodan: Pax Terra
"Nas últimas décadas pelo menos sete discos foram lançados na Alemanha com músicas ligadas direta ou indiretamente à série “Perry Rhodan”. Porém, quase todos são apenas compilações de músicas eletrônicas com temática espacial, não sendo portanto discos realmente inspirados na série. Entre os discos mais diretamente ligados à série encontram-se “Perry Rhodan – SOS aus dem Weltall”, a trilha sonora do filme de 1967, e “X-Plorer – A Trip Through the Universe of Perry Rhodan”, um disco cujas músicas foram inspiradas em cenários e ambientes da série. Porém, um desses discos se destaca de todos os outros, tanto por sua qualidade como por sua relação direta com a série: “Perry Rhodan: Pax Terra”."
Lançado em dezembro de 1996, durante as comemorações dos 35 anos da série, “Perry Rhodan: Pax Terra” poderia ser considerado uma “sinfonia não-oficial” da série, pois contém músicas orquestradas e sintetizadas muito bem arranjadas e de alto impacto emocional. Composto pelo músico alemão Christopher Franke, mais conhecido entre os fãs de ficção científica por ter criado praticamente toda a trilha sonora do seriado televisivo “Babylon 5″ entre 1994 e 1998, o disco foi gravado pela Orquestra Sinfônica de Cinema de Berlim e possui as seguintes faixas:
1) Bridge to Eternity (A Ponte para o Infinito) – 6:58
2) The Wonders of Estartu (As Maravilhas de Estartu) – 9:26
3) Atlan – The Solitary Spirit of Time (Atlan, o Solitário do Tempo) – 6:09
4) The Third Question (A Terceira Pergunta) – 11:53
5) Mountain of Creation (A Montanha da Criação) – 8:48
6) Frost Ruby (O Rubi de Gelo) – 10:42
7) Bridge to Eternity (Single Cut) – (versão para rádios da música 1) – 3:23
Como o disco teve uma tiragem limitada, todos os exemplares produzidos esgotaram-se rapidamente. Para evitar que os fãs ficassem sem acesso a esta excelente obra musical, desde 2004 uma versão digital do disco encontra-se disponível no site da Readersplanet (www.readerserver.de), uma empresa alemã especializada em livros e audiolivros digitais. O disco digital, com as músicas no formato MP3, custa 9,99 euros.
(Mais detalhes AQUI no blog de César Maciel.
AQUI no RedeLivro, uma resenha de Fernando Rocha sobre os primeiros números da série.
Site oficial da Edição Brasileira de Perry Rhodan AQUI.)
sexta-feira, 19 de novembro de 2010
Eventos

a)Bruce Sterling no Brasil
Um dos lançadores do Movimento Cyberpunk e autor de Tempo Fechado e Piratas de Dados, o americano Bruce Sterling estará em São Paulo entre os dias 2 e 7 de dezembro de 2010. Em promoção das editoras Devir e Terracota, e da Universidade Cruzeiro do Sul, Sterling estará ministrando oficinas dentro do I Encontro Extensão para o Futuro - informações AQUI
03/12 – 19h30 às 22h30
Mesa de Abertura:
Profa. Dra. Sueli Cristina Marquesi – Reitora da Universidade Cruzeiro do Sul
Prof. Dr. Renato Padovese – Pró-reitor de Extensão da Universidade Cruzeiro do Sul
Prof. Douglas Quinta Reis – Diretor Editorial da Devir Livraria
Prof. Claudio Brites – Diretor Editorial da Terracota Editora
Workshop: “Ficção Científica para o Século 21″
Convidado: Bruce Sterling
Mediação: Roberto de Souza Causo – Especialista em Ficção Científica e Escritor
04/12 – das 10h às 12h
Painel: “Design e Desafios do Século 21″
Convidado: Bruce Sterling
Mediação: Priscila Henning (História da Arte, Arquitetura e Restauro)
Elisabete Barbosa Castanheira (Desenho, Criatividade, Programação Visual)
04/12 – das 13h30 às 15h30
Workshop “Design e Futurismo
Convidado: Bruce Sterling
Mediação: Priscila Henning (História da Arte, Arquitetura e Restauro)
Claudia Trevisan Fraga (Programação Visual, Projeto Gráfico, Editoração)
O autor também fará sessão de autógrafos na FNAC Paulista (Av. Paulista N.º 901, Bela Vista, São Paulo-SP, perto do da Estação Brigadeiro do Metrô), no dia 6 de dezembro, das 18h30 às 21h30.
b)Cosmovisão: A Literatura Encontra a Tecnologia, a Arte Encontra a Ciência.
Nelson de Oliveira Dará Curso sobre Ciência e Cultura: nos dias 29 de novembro, e 1 e 3 de dezembro, o escritor e crítico Nelson de Oliveira dará um curso no Espaço Terracota (Av. Lins de Vasconcelos, 1886, Aclimação - São Paulo), chamado "Cosmovisão: A Literatura Encontra a Tecnologia, a Arte Encontra a Ciência".
Neste curso serão discutidos os avanços tecnológicos mais inquietantes, com o objetivo de mostrar como eles estão influenciando também a arte e a literatura do nosso tempo, enriquecendo-as. Também veremos de que maneira noções complexas como o tempo, o infinito, a realidade, a consciência e o inconsciente aparecem na obra de Giorgio de Chirico, James Joyce, Salvador Dali, Jorge Luís Borges, MC Escher, Philip K. Dick, William Gibson e outros.
1ª aula: o universo e nossa posição nele.
2ª aula: a vida, sua origem e seu futuro.
3ª aula: o cérebro humano e seus superpoderes.
Informações, AQUI
(Texto de Roberto Causo + um ou outro acréscimo meu (colado do site da Terracota). Imagem via DigArtMedia)
sexta-feira, 1 de outubro de 2010
Metrópolis e a busca do monumental
"Um adjetivo que pode definir sinteticamente o épico futurista é "monumental". Em Metropolis, o cineasta/arquiteto Fritz Lang realiza impressionantes experimentações estéticas, em especial ao nível das composições de massas, explorando intensamente os artifícios do ornamento numa constante busca do monumental. Apesar de ter sido um grande sucesso de público, Metropolis trouxe sérios problemas financeiros à UFA. A superprodução alemã exigiu grandes investimentos, os quais não foram totalmente revertidos. De qualquer forma, o filme mostrou-se um alarmante sinal de vitalidade da Alemanha - algo que os franceses resumiram como uma mistura de Wagner e Krupp."
Trecho de artigo de Roberto de Sousa Causo no Terra Magazine sobre o filme clássico de ficção científica, Metrópolis (1927). Leia o resto AQUI.
domingo, 12 de setembro de 2010
A Ficção Científca Ufológica

Imagem: Disco Voador visto no ano 776 no Castelo Sigiburg (A legenda só menciona isto). VIA
Interessante artigo de Roberto de Sousa Causo sobre o mangá Who Fighter e a Ficção Científica Ufológica. Clique para LER.
quarta-feira, 8 de setembro de 2010
Neve e sanduíches

"
Inborg imagina minúsculos robôs entrando nos buracos de minhoca e criando uma civilização no universo paralelo mais próximo. Não há garantia de que tenham conseguido, mas é o legado da vida de homens como Einstein e Rose, que lançaram a semente da ponte, e de Martin Luther, que, a partir da ideia de universos paralelos inflacionários de Andrei Linde, pôde tornar operacional esse caminhos para os nanos-robôs-sementes.
"
Maria Helena Bandeira. Portal 2001.
(Imagem Pessoas na Tempestade de Neve, de Sayapin Vladimir. Extraída da capa da 1ª edição brasileira de "A estrada", romance pós-apocalíptico de Cormac McCarthy. AQUI tem um artigo de Roberto Causo sobre o filme e o livro)
terça-feira, 31 de agosto de 2010
Arribação rubra

"Milhões de aves mitbras se lançaram simultaneamente no ar, quando o flutuador de Shiroma chocou-se contra uma projeção rochosa no interior da Fenda Portyras, no planeta Reiboro."
Roberto de Sousa Causo. Portal 2001.
(Imagem: Reinvenção do Poster do filme "Os Pássaros" de Hitchcock. Está à venda. Via PIX)
terça-feira, 24 de agosto de 2010
Brasileiros lá fora

Autores brasileiros de Fantasia e Ficção Científica publicando no exterior.
Veja em artigos de Roberto de Sousa Causo no Terra Magazine
Aqui: Ficção Científica Brasileira no Exterior (outubro de 2006)
Trecho: "Temos insistindo neste espaço na idéia de que a ficção científica e a fantasia brasileiras existem já há algum tempo (150 anos ou mais). E não apenas no Brasil - leitores de outras partes do mundo também estão tendo a chance de descobrir mais sobre a nossa ficção científica e fantasia.
E não é de hoje. Esfinge (1906), fantasia contemporânea de Coelho Netto sobre a cabeça de uma mulher implantada após um acidente no corpo de um homem - seu irmão -, já aparecia publicado em Portugal no início do século 20. A República 3000 ou A Filha do Inca (1930), de Menotti Del Picchia, foi publicado na França em 1950 pela editora Albin Michel."
Depois Aqui: Entre os Melhores (outubro de 2006)
Trecho:"O conto "Maria de Jesus", de Cláudia Barbosa Nogueira, foi encontrado em uma das chamadas "little magazines" (revistas de pequena circulação, destinadas a círculos intelectuais e acadêmicos), The Colorado Review. Explica-se pelo contato que a autora teria com esses círculos a partir da University of Maryland, onde fazia parte do programa de doutorado, quando a história foi publicada. A introdução ao conto, por Windling, informa que outros escritos de Cláudia Nogueira apareceram também no The Southern Quarterly e no The Berkeley Poetry Review. As little magazines, apesar de qualquer sugestão pejorativa que o termo possa lhes dar, são importantes para o ambiente literário norte-americano. Alguns exemplos do passado, como o famoso The Partisan Review, foram veículos de grande relevância intelectual, e autores de peso como Raymond Carver primeiro chamaram atenção crítica nas páginas de little magazines.
Windling também informa que "Muito do trabalho da autora explora questões de imigração, desajuste, e identificação nacional e regional". Isso coloca Cláudia Nogueira dentro do foco de atenção da crítica norte-americana, ao dar aos seus textos um caráter pós-colonial e investigativo de identidades étnicas e nacionais. A leitura do conto logo mostra que há outros elementos que o transformam numa leitura interessante para o público norte-americano bem-informado. "
E finalmente o artigo mais recente AQUI: Brasileiros em inglês
quarta-feira, 17 de junho de 2009
REPORTAGEM: "Fundação" é ficção científica "sui generis"
ESPECIAL PARA A FOLHA
No mundo todo, o nome Isaac Asimov (1920-1992) foi sinônimo de ficção científica. Escritor prolífico, ele foi também importante divulgador científico. Achava-se um autor de FC antes de tudo, e a "Trilogia Fundação" é considerada sua obra mais importante. Escrita como uma série na revista "Astounding Stories", de 1942 a 1953, recebeu em 1966 um Prêmio Hugo especial e virou leitura obrigatória para se entender a evolução do gênero no século 20.
A série é uma "space opera" -de FC aventuresca em escala galáctica- "sui generis": sua qualidade cerebral a destaca de exemplos comuns. Asimov avaliou: "Os três volumes consistiam em pensamentos e conversações. Nenhuma ação nem suspense físico". Se literatura é mais que linguagem, ele foi um gênio da exposição narrativa, e a leitura da trilogia excita e estimula o intelecto. Um paradoxo.
A t rilogia reconta a queda do Império Romano, imaginando que o fim do Império Galáctico foi previsto pelo psico-historiador Hari Seldon, que estabelece duas fundações nos limites da galáxia para encurtar um período de trevas de 30 mil anos para apenas mil. A psico-história é um conceito fabuloso, e ecos da ideia de que a matemática poderia prever as ações das massas humanas aparecem nas teorias do caos e da emergência, e até na economia.
Asimov criou várias séries de histórias e romances -além de "Fundação", a série dos robôs e a do Império Galáctico. Nos anos 90, resolveu fundir as três e, no processo, teve de retornar à trilogia e acertar detalhes para manter a coerência. A edição brasileira anterior a esta é dos anos 70, pela Hemus, e não contemplava essas alterações.
Outro trunfo da atual edição, da Aleph, são as traduções de Fábio Fernandes e Marcelo Barbão, mais fluentes que a da Hemus, mas carentes de revisà £o estilística. A Aleph também publica pela primeira vez a trilogia em três livros separados.
"Fundação" é o ápice do futuro de consenso, tendência maior da era de ouro da FC americana (1938-48): o espaço é o destino manifesto da humanidade, onde sua expansão recebe pouca resistência e o espírito científico triunfa. A trama salta séculos, conforme o Império Galáctico se desfaz e os agentes da Fundação recebem orientações gravadas de Seldon em momento-chaves previstos pela psico-história. Não há só um herói (agentes da Fundação variam com as gerações), mas sim um único vilão, o Mulo, que surge no terceiro volume.
O Mulo é um mutante que lê e domina as mentes -uma singularidade humana que está além do Plano Seldon, e metáfora asimoviana para o führer do nazifascismo. Embora Seldon tivesse um ás na manga, derrotá-lo está fora de qualquer determinismo histórico. Como continua sendo.
ROBERTO DE SOUSA CAUSO é escritor, autor de "Ficção Científica, Fantasia e Horror no Brasil: 1875 a 1950" (ed. UFMG).
FUNDAÇÃO, FUNDAÇÃO E IMPÉRIO e SEGUNDA FUNDAÇÃO
Autor: Isaac Asimov
Tradução: Fábio Fernandes (vol. 1 e 2) e Marcelo Barbão (vol. 3)
Editora: Aleph
Quanto: R$ 39 (cerca de 240 págs.) cada
Avaliação: ótimo
