Projeto Portal foi uma revista de contos de ficção científica com periodicidade semestral, editada no sistema de cooperativa durante os anos de 2008 e 2010. A pequena tiragem — duzentos exemplares de cada número — foi distribuída entre acadêmicos, jornalistas e formadores de opinião. Seis números (de papel e tinta, não online). O título de cada revista homenageou uma obra célebre do gênero: Portal Solaris, Portal Neuromancer, Portal Stalker, Portal Fundação, Portal 2001 e Portal Fahrenheit.


Idealização: Nelson de Oliveira | Projeto gráfico e diagramação: Teo Adorno
Revisão: Mirtes Leal e Ivan Hegenberg | Impressão: LGE Editora

Mostrando postagens com marcador Isaac Asimov. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Isaac Asimov. Mostrar todas as postagens

terça-feira, 29 de março de 2011

Fundação




Uma resenha para o livro Fundação, escrita por Ronaldo Bressane para o Estadão em 2009:

"
É inquietante voltar a um livro que você leu há 25 anos. Ainda mais se tratando de um livro de ficção científica – sem falar no dado importante de que, quando foi lido pela primeira vez, o leitor tinha 13 anos. Uma verdadeira viagem no tempo: retorna-se ao futuro para tentar se lembrar de como era no passado, ao mesmo tempo em que tenta lembrar de como era, neste passado, sua visão de futuro.

Desculpas ao leitor pela viagem temporal, mas a digressão é necessária para avaliar um romance como Fundação (Aleph, 238 páginas), de Isaac Asimov, primeiro exemplar da trilogia que prossegue em Fundação e Império e Segunda Fundação.

Ficção científica é mais ou menos como heavy metal. Você gosta daquilo por um tempo, daí cresce, e começa a achar coisa de adolescente. Tanto é que ambos os gêneros não são muito levados a sério dentro de suas disciplinas – a literatura de imaginação e o rock’n’roll. Tanto faz: seus obcecados fãs também se encarregam de separar esses gêneros do resto do universo, o que contribui para lançá-los na vala comum do preconceito. Por essa chave, a obra de Isaac Asimov seria algo assim como uma mistura de todos os álbuns de Mötorhead, Black Sabbath e Iron Maiden.

O finado escritor russo/norte-americano é uma lenda: ajudou a consolidar o gênero, criou alguns de seus maiores clássicos (a trilogia Fundação e Eu, Robô entre eles), estabeleceu regras e uma gramática próprias, conquistou fãs de diversas gerações e ainda foi um dos mais prolíficos autores na área – e também em outras: entre seus mais de 500 livros, há histórias de mistério, enciclopédias, volumes de divulgação científica e até poesia. No espectro clássico da ficção-científica anglo-saxã, somente Arthur C. Clarke e Ray Bradbury lhe fariam companhia.

Essa produção toda talvez seja a culpada por algo que o leitor de 38 dá mais atenção que o de 13: a linguagem. Embora muito bem traduzida por Fábio Fernandes, especialista no gênero no Brasil, a paisagem verbal asimoviana é pobre e freqüentemente adensada por um palavrório científico. Os grandes vôos da ficção-científica nesse território ficam por conta de Douglas Adams (O mochileiro das galáxias) e Philip K Dick (O homem-duplo), escritores sessentistas que temperaram o gênero com psicodelia, sarcasmo e cultura pop. Asimov privilegia a objetividade da ação, o desenho rápido na descrição, o tom ligeiro na psicologia das personagens.

O forte do homem é a solidez na estruturação de tramas e a ousadia na concepção: ele baseia seu livro em grandes acordes, em ritmo bem marcado. E na trilogia da Fundação é onde Asimov foi mais longe. Se o leitor de 13 viajava nos saltos pelo hiperespaço, o que intriga o leitor de 38 são as analogias políticas, os mergulhos na filosofia e as observações socioeconômicas.
"



Leia tudo AQUI, no Impostor.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Give it to 'em hard!! Hard SF!!



Nobel? Pulitzer? Hugo? Nebula? Jabuti? Que nada! O negócio é virar música do Bloodhag!

Bloodhag foi uma banda de deathmetal norte-americana cujas letras das canções fazem referências a grandes escritores de fantasia, horror e ficção científica. Segundo o Wikipedia, encerrou suas atividades este ano.

Seguem algumas das letras que encontrei:


Arthur C. Clarke

Is this just a myth? Consciousness exists
Because of this monolithic obelisk genesis
Rewrite the ironic bit. His literary gift's eclipsed
By Kubrick and a Script, but undiminished by it!
Matters of security, he wasn't kept in the dark
For his help in the direction and perfection of radar
Now his life's one long weekend he's only speakin' in Sri Lank
Nobody parts the sea or starts an odyssey like Arthur C. Clarke!

Give it to 'em hard!! Hard SF!! ...Hey!!

Rendezvous With Rama. The Nine Names of God.
Childhood's End and then The Fountain of Paradise.
Then when we land on Venus or maybe Mars
Then when we touch the monolith-
Then we see the truth: Oh my God. It's full of stars!

Give it to 'em hard!! Hard SF!! ...Hey!!


Isaac Asimov

In '41 fandom was young, and Asimov's name was on every tongue
'Cuz in '41 Nightfall had come
Planet driven insane by an eclipse of the sun
A pair of lush sideburns & a bolo tie describes
The genius who brings us the story of I, Robot
So what, the term was coined by Kapec?
The Three Laws of Robotics ain't been broken yet!
Hey! He had to get paid writing fiction, non-fiction, teaching biochemistry
Fact: He wore so many hats.
Was in the Navy with Heinlein & L. Sprague De Camp!
No big thing, 'til Campbell took him under his Astounding wing
Foundation published before his sideburns had even grown an inch!
Psycho-historian, prophetic creation
Mule had to go and fuck up the equation
That's what you get when you make a sport of mutation!


Ray Bradbury


You did pretty good for never having gone to college Ray...
But when I saw you on TV I felt you owed me an apology!
But not for..
Farenheit 451!
Not for...
Something Wicked This Way Comes!
Not for...
Golden Apples of the Sun!
Not for...
Martian Chronicles, Book One!

Michael Moorcock

Corum. The last of his race
Had to kick ass over sixteen planes
Elric. Kept alive by his sword
Stormbringer stole souls for the Chaos Lords.
Eternal Champion. Multiverse of the mind
Everything he wrote somehow intertwined
Michael Moorcock born in 1939!
The Sundred Worlds! The Wrecks of Time!
Moor...cock..cock...cock! Moor...cock..cock...cock!

Moorcock smoked pot with Lemmy
You think you wrote a lot of books, he wrote twice as many
Von Beck was Mike's Grandad
Best Eternal Champion a kid ever had
The Golden Barge or any of his stories
Ironic fables, simple allegories
The great rock-n-roll swindle... Well, why the fuck not?
Hawkwind and Moorcock write books and rock
Moor...cock..cock...cock! Moor...cock..cock...cock!


(E mais um link para Kurt Vonnegut Jr. Perdi a fonte da Imagem. Sorry)


* * * * * * * * * * *

Ainda no espírito desta postagem, achei o vídeo abaixo no Capacitor Fantástico:

"Uma 'homenagem' da humorista Rachel Bloom, ao grande escritor de FC, Ray Bradbury (...) "


quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Eu, robô




"Depois de décadas fora de catálogo no Brasil, um dos melhores livros de Isaac Asimov, Eu, robô, foi relançado, em 2004, pela Ediouro, e logo esgotou. Veio uma segunda edição, mas, como o livro custa uma bagatela de 49 reais, a mesma editora o incluiu no selo Pocket Ouro, numa edição econômica que o reduziu a R$19,90, promovendo uma excelente oportunidade para que novos leitores tenham acesso a um dos pilares da literatura de ficção científica. Nos nove contos que integram o volume, Asimov exercita as variações narrativas possíveis dentro de uma amarra que ele próprio criou, as Três Leis da Robótica: 1) um robô não pode ferir um ser humano ou, por omissão, permitir que o ser humano seja ferido; 2) um robô deve obedecer às ordens dadas por seres humanos, salvo se tais ordens entrem em conflito com a Primeira Lei; 3) um robô deve proteger sua própria existência, desde que tal proteção não entre em conflito com a Primeira e a Segunda Leis. O prefácio desta edição é do escritor brasileiro Jorge Luiz Calife, que em 1977 sugeriu e esboçou, por carta, a Arthur C. Clarke o argumento para o romance 2010: uma odisséia no espaço 2, logo transformado em filme."


(Via NÃO LEIA!, blog de Mayrant Gallo. Postagem de 14/08.)

quarta-feira, 17 de junho de 2009

REPORTAGEM: "Fundação" é ficção científica "sui generis"

ROBERTO DE SOUSA CAUSO
ESPECIAL PARA A FOLHA

No mundo todo, o nome Isaac Asimov (1920-1992) foi sinônimo de ficção científica. Escritor prolífico, ele foi também importante divulgador científico. Achava-se um autor de FC antes de tudo, e a "Trilogia Fundação" é considerada sua obra mais importante. Escrita como uma série na revista "Astounding Stories", de 1942 a 1953, recebeu em 1966 um Prêmio Hugo especial e virou leitura obrigatória para se entender a evolução do gênero no século 20.

A série é uma "space opera" -de FC aventuresca em escala galáctica- "sui generis": sua qualidade cerebral a destaca de exemplos comuns. Asimov avaliou: "Os três volumes consistiam em pensamentos e conversações. Nenhuma ação nem suspense físico". Se literatura é mais que linguagem, ele foi um gênio da exposição narrativa, e a leitura da trilogia excita e estimula o intelecto. Um paradoxo.

A t rilogia reconta a queda do Império Romano, imaginando que o fim do Império Galáctico foi previsto pelo psico-historiador Hari Seldon, que estabelece duas fundações nos limites da galáxia para encurtar um período de trevas de 30 mil anos para apenas mil. A psico-história é um conceito fabuloso, e ecos da ideia de que a matemática poderia prever as ações das massas humanas aparecem nas teorias do caos e da emergência, e até na economia.

Asimov criou várias séries de histórias e romances -além de "Fundação", a série dos robôs e a do Império Galáctico. Nos anos 90, resolveu fundir as três e, no processo, teve de retornar à trilogia e acertar detalhes para manter a coerência. A edição brasileira anterior a esta é dos anos 70, pela Hemus, e não contemplava essas alterações.

Outro trunfo da atual edição, da Aleph, são as traduções de Fábio Fernandes e Marcelo Barbão, mais fluentes que a da Hemus, mas carentes de revisà £o estilística. A Aleph também publica pela primeira vez a trilogia em três livros separados.
"Fundação" é o ápice do futuro de consenso, tendência maior da era de ouro da FC americana (1938-48): o espaço é o destino manifesto da humanidade, onde sua expansão recebe pouca resistência e o espírito científico triunfa. A trama salta séculos, conforme o Império Galáctico se desfaz e os agentes da Fundação recebem orientações gravadas de Seldon em momento-chaves previstos pela psico-história. Não há só um herói (agentes da Fundação variam com as gerações), mas sim um único vilão, o Mulo, que surge no terceiro volume.

O Mulo é um mutante que lê e domina as mentes -uma singularidade humana que está além do Plano Seldon, e metáfora asimoviana para o führer do nazifascismo. Embora Seldon tivesse um ás na manga, derrotá-lo está fora de qualquer determinismo histórico. Como continua sendo.

ROBERTO DE SOUSA CAUSO é escritor, autor de "Ficção Científica, Fantasia e Horror no Brasil: 1875 a 1950" (ed. UFMG).

FUNDAÇÃO, FUNDAÇÃO E IMPÉRIO e SEGUNDA FUNDAÇÃO
Autor: Isaac Asimov
Tradução: Fábio Fernandes (vol. 1 e 2) e Marcelo Barbão (vol. 3)
Editora: Aleph
Quanto: R$ 39 (cerca de 240 págs.) cada
Avaliação: ótimo


P R O J E T O P O R T A L B L O G F E E D