Projeto Portal foi uma revista de contos de ficção científica com periodicidade semestral, editada no sistema de cooperativa durante os anos de 2008 e 2010. A pequena tiragem — duzentos exemplares de cada número — foi distribuída entre acadêmicos, jornalistas e formadores de opinião. Seis números (de papel e tinta, não online). O título de cada revista homenageou uma obra célebre do gênero: Portal Solaris, Portal Neuromancer, Portal Stalker, Portal Fundação, Portal 2001 e Portal Fahrenheit.
Idealização: Nelson de Oliveira | Projeto gráfico e diagramação: Teo Adorno
Revisão: Mirtes Leal e Ivan Hegenberg | Impressão: LGE Editora
Revisão: Mirtes Leal e Ivan Hegenberg | Impressão: LGE Editora
segunda-feira, 4 de abril de 2011
Questões Literárias
Trecho inicial da coluna de Roberto de Sousa Causo em 20 de março de 2011 no Terra Magazine (Versão integral AQUI):
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O mundo da literatura é composto de vários aspectos: hábitos de leitura (a esfera individual), mercado literário (a esfera profissional), crítica e teoria (parcialmente, a esfera acadêmica), e as Questões Literárias.
As Questões Literárias compreendem as esferas do escritor e também do crítico, mas costumam se envolver com todos os outros aspectos. Questões Literárias impulsionam movimentos e escolas literárias, e se manifestam das disputas de um grupo em relação a outros, nas discussões sobre os caminhos da literatura e nas tentativas de questioná-la ou renová-la.
De vez em quando surge uma Grande Questão Literária que tem o potencial de mudar as coisas, arrastando todas as esferas com ela - obrigando a crítica e a teoria a se posicionarem, balançando o mercado literário e mudando os hábitos de leitura. Aquelas questões que vieram no bojo do movimento modernista brasileiro, por exemplo, foram um desses maremotos literários que mudam tudo, no seu rastro.
A história da ficção científica no Brasil também registra as suas Questões Literárias. A primeira provavelmente foi o debate sobre a legitimidade do gênero, entre 1957 até meados da década de 1970, um debate conduzido nas páginas dos prestigiosos cadernos de cultura da época, especialmente o "Suplemento Literário" do O Estado de S. Paulo. Envolveu figuras de importância na cena literária da época, como Mário da Silva Brito, Antonio Olinto, João Camilo de Oliveira Torres, Laís Corrêa de Araújo e André Carneiro a favor dessa legitimidade, e Otto Maria Carpeaux, Wilson Martins, Alcântara Silveira e Muniz Sodré, contra. Essa foi, pode-se dizer, a principal Questão Literária característica da Primeira Onda da Ficção Científica Brasileira (1958-1972).
A principal Questão Literária da Segunda Onda da Ficção Científica Brasileira (iniciada em 1982) foi a necessidade (ou não) de se renovar a FC nacional pela promoção da sua brasilidade, tanto temática, quanto no seu diálogo com a tradição literária modernista, e na rejeição dos clichês e fórmulas da FC anglo-americana. O escritor paulista Ivan Carlos Regina, e o seu "Manifesto Antropofágico da Ficção Científica Brasileira", esteve no centro dessa questão, que gerou um pequeno debate no seio do fandom, em reuniões de fãs e nas páginas de fanzines como Somnium, Megalon e Papêra Uirandê. (O manifesto foi recentemente disponibilizado no É só Outro Blogue, de Tibor Moricz). Veja também, no mesmo blog, uma entrevista com Regina.
Finalmente, em abril de 2009, o escritor Luiz Bras lançou - com o ensaio "Convite ao Mainstream", na coluna "Ruído Branco", mantida por ele no Rascunho: O Jornal Literário do Brasil - uma Questão Literária das mais relevantes para a história do gênero em nosso país. Talvez até mesmo para a literatura braseira como um todo. "
Para ler "Convite ao Mainstream", de Luiz Bras clique AQUI. Para ler as repercussões e comentários de outros autores relacionados à ficção científica, leia AQUI e depois AQUI.
O artigo "Convite ao Mainstream" - dentre outros - foi publicado em papel pela Editora Terracota no livro "Muitas Peles".
(imagem via Popolic)
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