Projeto Portal foi uma revista de contos de ficção científica com periodicidade semestral, editada no sistema de cooperativa durante os anos de 2008 e 2010. A pequena tiragem — duzentos exemplares de cada número — foi distribuída entre acadêmicos, jornalistas e formadores de opinião. Seis números (de papel e tinta, não online). O título de cada revista homenageou uma obra célebre do gênero: Portal Solaris, Portal Neuromancer, Portal Stalker, Portal Fundação, Portal 2001 e Portal Fahrenheit.


Idealização: Nelson de Oliveira | Projeto gráfico e diagramação: Teo Adorno
Revisão: Mirtes Leal e Ivan Hegenberg | Impressão: LGE Editora

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Encruzilhadas da Literatura de Gênero Tupiniquim





Primeiro, o verbete Ficção Científica no "Amaldicionário da Literatura Brasileira", bolado por Joca Reiners Terron no blog da Companhia das Letras:

Ficção Científica – Uma literatura onde a presença da ficção de gênero (devemos também incluir o Policial nessa lista de ausentes) é tão inócua só pode ser amaldiçoada.




Em seguida, trecho de um artigo de Xerxenesky, autor de Areia nos Dentes, AQUI:

"O grande escritor chileno Roberto Bolaño, falecido em 2003, comentou, em entrevista para Carmen Boullosa,sobre o assunto “escrever ficção de gênero na América Latina”. A resposta dele é surpreendente e interessante, e acho que podemos aprender muito com o que Bolaño (um admirador da prosa fantástica, ainda que ele não fosse um praticante do gênero) tem a dizer sobre o tema:

“Escritores que cultivaram o gênero fantástico, no sentido mais restrito do termo, temos muito pouco, para não dizer nenhum, entre outras coisas porque o subdesenvolvimento não permite a literatura de gênero. O subdesenvolvimento só permite a obra maior. A obra menor é, na paisagem monótona ou apocalíptica, um luxo inalcançável. Claro, isso não significa que nossa literatura esteja repleta de obras maiores, muito pelo contrário, mas sim que o impulso inicial só permite essas expectativas, que logo a mesma realidade que as propiciou se encarrega de frustrar de diferentes modos.”

Trata-se de uma explicação bastante sociológica. Uma certa pobreza no nosso mercado literário levaria todos os nossos escritores a buscarem ser “o novo Guimarães Rosa”, “a nova Clarice Lispector”, mais do que produzir uma ficção fantástica despretensiosa e divertida. Apesar de todos os exemplos que citei acima de como esse cenário tem aos poucos mudado no Brasil, ouso dizer que a turma da “ficção fantástica” ainda está em minoria."



Depois, uma reflexão produzida por ESTE artigo por Sergio Rodrigues, da Veja.

Trecho:

"...essa mentalidade de vira-lata, ou de adolescente inseguro, não cria um ambiente hostil apenas para a literatura de gênero. A maior parte do campo da dita literatura séria também sofre, pois dominar a velha arte narrativa, ainda que com sofisticação, ainda que propondo novidades sutis de tema ou arquitetura, nunca bastará. Quem precisa de bons artesãos, de bons jogadores? Só o gênio interessa. Daí a presença ridiculamente inflada de ideias como ruptura e revolução na conversa literária. É preciso romper com tudo, isto é, reinventar o jogo, humilhar os adversários. É preciso que um neguinho de 17 anos faça gol dando lençol dentro da área na final."


Por último, ESCLARECIMENTOS do Xerxenesky em seu blog sobre a polêmica produzida por seu artigo.



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