Caros leitores,
Como a maioria de
vocês já sabe, durante três anos, seis portais foram abertos no mapa da
literatura brasileira. Seis passagens para outros mundos, outros metabolismos,
outros sistemas de pensamento.
Portal Solaris surgiu
no verão e Portal Neuromancer na primavera de 2008, Portal Stalker irrompeu no
verão e Portal Fundação no outono de 2009, Portal 2001 apareceu no inverno e
Portal Fahrenheit na primavera de 2010.
O Projeto Portal foi
uma revista de contos de ficção científica editada no sistema de cooperativa. A
pequena tiragem de cada número foi paga pelos participantes e os exemplares
foram divididos entre eles.
O Projeto Portal não
se destinava ao grande público, mas apenas ao pequeno grupo de aficionados mais
refinados. Nosso lema era: poucos exemplares para poucos leitores exemplares.
Por isso os exemplares da revista não foram vendidos, eles foram distribuídos
entre os melhores leitores do país.
Para vocês terem uma
ideia da dimensão do Projeto Portal, aí vão alguns números: foram 6 edições,
798 páginas, 44 autores, 129 contos (50 curtos, de até 3 páginas, e 79 longos)
e 2.450 exemplares. Nada mal para um empreendimento sem qualquer finalidade
comercial, cujo objetivo primeiro foi divulgar a boa ficção científica
brasileira.
Todos os portais:
realidades expandidas é
uma seleção de narrativas dos seis números do Projeto Portal. São vinte e um
contos, vinte e um autores. Agora em edição comercial.
Imaginem delicados
psicotrópicos artificiais capazes de abrir as portas da razão e os portões da
percepção. Imaginem sutis substâncias alucinógenas capazes de estimular a
fantasia e a inteligência, sem provocar danos neurológicos irreversíveis. Todos
os portais são essas drogas seguras.
Através deles a
realidade de primeira ordem — o aqui e o agora percebidos pelos cinco sentidos
— irá se desdobrar em outras realidades muito mais estimulantes: a da ciência,
a da filosofia, a da arte e a da religião, todas de segunda ordem.
Outras leis físicas,
metafísicas e patafísicas irão coordenar as constelações sensoriais.
O passeio por essas
paisagens de segunda ordem, habitadas por personagens estranhos e sedutores,
nunca é sossegado e monótono. É sempre perigoso e inquietante. E, por isso,
muito prazeroso.
Boa transmigração.
Nelson de Oliveira