Projeto Portal foi uma revista de contos de ficção científica com periodicidade semestral, editada no sistema de cooperativa durante os anos de 2008 e 2010. A pequena tiragem — duzentos exemplares de cada número — foi distribuída entre acadêmicos, jornalistas e formadores de opinião. Seis números (de papel e tinta, não online). O título de cada revista homenageou uma obra célebre do gênero: Portal Solaris, Portal Neuromancer, Portal Stalker, Portal Fundação, Portal 2001 e Portal Fahrenheit.


Idealização: Nelson de Oliveira | Projeto gráfico e diagramação: Teo Adorno
Revisão: Mirtes Leal e Ivan Hegenberg | Impressão: LGE Editora

terça-feira, 27 de julho de 2010

Como NÃO fazer ficção científica:



Introdução

Luke Skywalker lidera uma esquadrilha de caças X-wing em um ataque à Estrela da Morte do Império. Os caças espaciais ziguezagueiam ao longo da gigantesca nave, sob fogo cruzado de armas laser. Luke faz acrobacias mirabolantes, dispara suas armas e lança um míssil no tubo de ventilação - BUM! Adeus Estrela da Morte. Cenas como essa, de "Star Wars: Episódio IV", são típicas de filmes de ficção científica. Os efeitos e a movimentação toda criam uma grande experiência cinematográfica, mas há base científica nisso tudo? As espaçonaves poderiam realmente voar daquele jeito? Os disparos de laser seriam visíveis? A explosão ensurdecedora produziria mesmo som? Deveríamos nos importar com esses detalhes?

Responderemos primeiro a última pergunta: "É claro que sim!" A ciência é essencial para qualquer trabalho de ficção científica; a ciência a separa da fantasia e de outros tipos de ficção. Além do mais, os fãs de ficção científica são bastante exigentes. Às vezes, pequenos erros científicos não desmerecem a história e podem passar despercebidos, exceto pelo observador perspicaz. Em outros casos, os erros científicos são tão absurdos que a história se torna totalmente inverossímil - e o filme vai por água abaixo.

Neste artigo, vamos explorar alguns grandes erros e concepções erradas dos filmes e seriados de TV. Algumas observações antes de começarmos:

* nossa lista é restrita e escolhemos vários tópicos, mas há muito mais.
* você pode discordar da nossa escolha. Discutir ficção científica é sempre uma boa coisa.
* adoramos ficção científica, seriados, romances e contos. Nosso objetivo é informar, não "implicar" com uma obra em particular.
* sabemos que a meta principal dos produtores de cinema é o entretenimento e não necessariamente a educação. Enfatizar a ciência pode muitas vezes fazer com que a cena não funcione.
* estamos cientes de que os filmes de ficção estão limitados por orçamentos, recursos técnicos e questões essenciais para o entretenimento.

Tendo isso em mente, vamos examinar como a ficção científica não funciona.


As leis da ficção científica

No seu livro "Viagem Espacial", os autores de ficção científica Ben Bova e Anthony R. Lewis declaram as duas leis da ficção científica:

1. Histórias de ficção científica são aquelas em que alguns aspectos da ciência futura ou tecnologia são tão fundamentais para a história que se forem retiradas a história desmorona.

2. Escritores de ficção científica estão livres para extrapolar o conhecimento atual ou inventar qualquer coisa que imaginarem, desde que ninguém prove que o que "imaginaram" está errado.

* * *

A primeira lei separa a ficção científica da fantasia, space opera, ou apenas ficção pura. Por exemplo, em "Contato", um rádio astrônomo recebe uma mensagem de outra civilização na galáxia. A ciência de rádio astronomia e as viagens interestelares são cruciais para a história, e o falecido autor/astrônomo Carl Sagan fez um grande esforço para torná-la correta em relação à ciência.

A segunda lei de Bova e Lewis dá aos escritores bastante liberdade. Vamos examinar como esta lei funciona com um problema comum em filmes de ficção científica. As distâncias entre estrelas na galáxia são vastas (anos-luz e parsecs). Então, para viajar pelas estrelas em tempo razoável os personagens devem se mover mais rápido que a luz. Mas a teoria de relatividade especial coloca a velocidade da luz (300 mil km/s) como o limite da velocidade cósmica. Nada que tenha massa pode viajar tão rápido como a luz porque seria necessário uma infinita quantidade de energia para acelerar até a velocidade da luz, e a massa iria aumentar infinitamente. Autores de ficção científica inventaram maneiras de contornar este problema, como a "dobra espacial", que distorce o espaço em "Star Trek". Estes métodos permitem aos personagens atravessar grandes distâncias sem sofrer as penalidades da relatividade (aumento da massa, distâncias reduzidas, dilatação do tempo). Na verdade, essas invenções estimularam físicos teóricos a explorá-las. Até agora, nenhuma dessas idéias pôde ser refutadas, e elas se tornaram elementos importantes da ficção científica.




(Um artigo de Craig Freudenrich traduzido para o português no site HowStuffWorks Brasil... Para ler tudo, clique AQUI. Imagem via Blog de Brinquedo)


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