Projeto Portal foi uma revista de contos de ficção científica com periodicidade semestral, editada no sistema de cooperativa durante os anos de 2008 e 2010. A pequena tiragem — duzentos exemplares de cada número — foi distribuída entre acadêmicos, jornalistas e formadores de opinião. Seis números (de papel e tinta, não online). O título de cada revista homenageou uma obra célebre do gênero: Portal Solaris, Portal Neuromancer, Portal Stalker, Portal Fundação, Portal 2001 e Portal Fahrenheit.


Idealização: Nelson de Oliveira | Projeto gráfico e diagramação: Teo Adorno
Revisão: Mirtes Leal e Ivan Hegenberg | Impressão: LGE Editora

domingo, 16 de agosto de 2009

Tibor Moritz comenta (não resenha) contos da Stalker

gosto do que o Causo escreve. Dessa vez não foi muito diferente, embora tenha reclamações com relação a este conto. Algumas coisas ficaram sem explicação e muitos eventos pareciam ocorrer simplesmente porque tinham que ocorrer. Senti falta de emoção, não fui fisgado, não me provocou ansiedade pelo final.
Conto 3 – Ontem ferido (Maria Helena Bandeira)
Um conto belo, mas escrito para não ser entendido.
Conto 4 – Alguém que fui (Maria Helena Bandeira)
Idem anterior. Até pensei que tivesse alguma ligação, sei lá.
Conto 5, 6 e 7 – Kripton, Os quereres e Buraco no céu (Brontops)
Até agora os melhores contos dessa coletânea. Muito bem escritos e com miolo. Meus parabéns ao autor cuja alcunha me lembra o período jurássico ou remédio para os brônquios.
Conto 8 – Wharia avariada (Marco Antônio de Araújo Bueno)
Incompreensível.
Conto 9 – Nonsensal (Marco Antônio de Araújo Bueno)
Nonsensal é um título bastante adequado a um conto que nos brinda com absoluto nonsense. Me pergunto o que o autor tem na cabeça quando escreve coisas sem nenhuma compreensão possível (pelo menos para mim). Para que leitor ele os escreve? Para si mesmo? Na minha opinião, um escritor não é para si, é para os outros.
Conto 10 – Holograma (Marco Antônio de Araújo Bueno)
Esse conto dele é melhor, embora exagere nos ecos. Ufa…
Parece existir entre alguns autores o afã de produzir obras com “O”, usando para isso (no presente caso) a literatura de gênero (que não exige necessariamente um conteúdo linear, mas que seja ao menos inteligível).
O que acabam conseguindo é um tipo de literatura “loura burra”, que apresenta ótima aparência, mas nenhum conteúdo.
Recentemente tem havido uma salutar discussão iniciada por Nelson de Oliveira e alimentada por Roberto de Sousa Causo, onde se discute a distância entre a literatura mainstream e a de gênero, e como ambas podem interagir.
A literatura mainstream privilegia a forma, enquanto que a de gênero, o conteúdo. Querer escrever a de gênero desprezando o conteúdo vai acabar criando outro subgênero para se unir a tantos outros: a literatura bizarra, ou lobotomizada.


P R O J E T O P O R T A L B L O G F E E D